quinta-feira, 30 de outubro de 2008

CLAP CLAP CLAP



Descobri Isay Weinfeld este ano e que pena que não foi antes! Acho sempre seus projetos muito charmosos. A "Livraria da Vila" não poderia ser diferente. Fica em São Paulo, o Google sabe o endereço. http://www.isayweinfeld.com/site/

Mudando de pato pra ganso, acho que já é hora de tirar esse mundo de letras do meu caderno. Eu só já não sei mais se falar com as paredes por aqui é bom, ou ruim. Pra escrever e não avisar a ninguém é melhor nem me dar ao trabalho. Se bem que a minha letra tá cada dia pior e escrever no ônibus não ajuda, depois de dois dias já virou hebraico. Bom, no mínimo será saudável passar a limpo. Enfim, vou resolver.


A roda do meu carro voou este final de semana, beijo.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

higo / fig



O Hernán manda muito bem no que faz, sempre achei. Esses dias ele subiu este desenho e eu gostei tanto que adotei, é meu novo fundo de tela.
Escrevi este texto pra Oficina que estou fazendo:

524 Botafogo
Sexta feira, 16h, Barra da Tijuca. Olivia hoje está com tempo. Aproveitando o dia claro ela sai com calma, mas atravessa as quatro avenidas para chegar até o ponto rapidamente. Afinal, nada mais chato que não conseguir passar a quarta pista e ver o 524 BOTAFOGO passando sem ela dentro. Os carros parecem estar em um autódromo – correm por correr. O barulho impede qualquer um de raciocinar direito e vai, lenta e imperceptivelmente, levando as pessoas à loucura. Pra lá e pra cá, todos ali são parte do movimento quase mecânico do dia-a-dia: sai, atravessa, espera, chama, sobe, senta, sobe, desce, chega. Todo dia.
Ela senta no ponto e pronto: se prepara para a meia-hora mais longa e indesejada do seu dia, a do confinamento, a da espera pelo ônibus. Datáo, Passarela da Rocinha, Itanhangá, Castelo, Rio das Pedra. Datáo, Passarela da Rocinha, Itanhangá, Castelo, Rio das Pedra. Olivia nunca entendeu porque existe tanta opção pro Alto, tanta por Ipanema e só uma pro Jardim Botânico. Nem van existe pro Jardim Botânico. Jardim Botânico é praticamente um bairro excluído, principalmente por aqueles que oferecem carona - aos outros, claro, porque o Jardim Botânico nunca é caminho - e Olivia sabe disso como ninguém.
16:45. Dentro do 524, todo mundo é rival. Aquele único lugar que acabou de vagar é de quem? De que está mais perto, de quem olhou primeiro ou daquele que entrou antes? Vai saber... Ela cede o lugar pra uma senhora que acaba de entrar (antes a irritação de mais 45 minutos em pé que dois anos de culpa por não ter cedido o lugar). E não existe justiça – se ficar em pé, não haverá milagre que faça um lugar aparecer. E, se aparecer, certamente não será ela quem sentará. Olivia vai vendo o trânsito, lembrando de quando isso tudo começou, no início da faculdade... Lá de dentro, vai acompanhando o sol se pôr. “Ela era uma muquirana, a patroa parecia praga, me sugava e não dava nada que prestasse!”, a mulher que acabou de entrar faz todos participarem da sua conversa. Mas, dentro do 524, poucas pessoas querem conversa. As caras não negam. Todos estão muito mais interessados nos seus próprios mundos. Olivia não é diferente. No seu mundo, pensa nele. Pensar nele já havia virado redundância. Ela mergulhava nesses pensamentos. Saboreava, devagarzinho, lembrança por lembrança, detalhe por detalhe.
Chega. Levanta e vai driblando todo obstáculo humano, a massa é impossível de atravessar. Salta. Pela rua, aperta o passo, quer logo chegar em casa. O Belmonte sugere uma cervejinha, mas ela segue. Subindo a Rua Faro, o Jóia a convida, ela vira, mas segue adiante também, ainda precisava chegar em casa pra sair mais uma vez. Boa noite, Aloisio. Boa noite, Tião. 21 anos subindo a mesma rua.
Pra Lagoa, seu Antônio. Dentro do táxi, finalmente se acalma. Nada melhor que ser conduzida no conforto. Salta, sobe, vira, entra na sala 2.

domingo, 19 de outubro de 2008

Duas polaróides bonitinhas colhidas por aí, só clicar.



Comigo é assim: falou espanhol, amei. Talvez que criei esse carinho porque morei na Argentina e na Venezuela. Talvez seja carinho mesmo sem razão, também morei nos Estados Unidos, gostei, e não tenho nem metade do afeto pela língua.
Hoje, lendo umas letras da Julieta Venegas, fiquei achando que o maior charme neste pedaço é simplesmente o fato de estar em espanhol.
no voy a llorar y decir
que no merezco esto
por que
es probable que
lo merezco, pero no lo quiero por eso me voy

que lastima pero adios
me despido de ti y me voy
que lastima pero adios
me despido de ti y me voy

É Julieta... pelo menos de uma coisa eu tenho certeza, você andou sabendo das coisas.
Sábado, 00:26. O horário de verão acabou de começar e eu adoro quando isso acontece. Lembro da delícia que é sair do do trabalho com o dia ainda claro, dos dias mais longos na praia, de acordar no escuro. E não era nada disso que eu ia falar, mas é que fiquei tomada de emoção.
Ia falar que já deve ser a décima vez que escuto a trilha sonora de "Pequena Miss Sunshine" inteira. Como estou morrendo de sono, vou ser breve: é linda, escutem.