quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

FALANDO DE 2008 EM 2010;

Hoje percebi, existe um lado meu que sente demais. Sente tanto ao ponto de não conseguir mais sentir. Ao ponto de se perder e não saber mais de nada. Esse lado me afoga. Me enjoa de tanta mesma lembrança. De tanta mesma sensação. E lembrança e sensação e lembrança e sensação.
Existe uma linha que passa bem no meu colo. É a que sufoca. Sobe e desce, sobe e desce. Indecisa. Esta divide todos os sentimentos do mundo de toda opressão possível a eles. Menosprezo tudo abaixo da linha.
Veja bem: menosprezo, eu, sem saber. Mas eu sei.
Infelizfelizmente os sentimentos não me fazem menos pior, nem os sinto menos por isso. A linha dá nó às vezes e me engasga. E como quem prende o vômito, seguro todos sentimentos do mundo. E como quando se prende...
Meu lado superior, que se considera superior sem a menor condição, passa dias e noites tentando convencer lado inferior de que tudo é uma piada, que ele deveria arrumar mais com o que se preocupar e parar pra ver a situação de vez em quando que é bom. Como?
Lado superior controla rios e montanhas e pior, acredita que sim. Lado superior ignora e reprova qualquer sentimento intenso que não seja felicidade fácil e barata.
Essa briga constante aqui dentro.
Eu só o cenário. Simplesmente um lugar que, por acaso, dois lados habitam pra brigar.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

NOONTEM

Não. Não vou conseguir. Me levantei e encostei a porta. Talvez assim eu ache a mentira, você foi o uso da noite.
Talvez, talvez, talvez.
Ou talvez assim eu ache a verdade, estou apavorada e saindo correndo. Preciso me esconder pra não ser condenada pelo que me cometi. Correndo, correndo, eu e o medo.
Nunca a essa intimidade fora de hora do dia seguinte, antecipada do relacionamento que nunca vai existir. Eu babando, você roncando. Todo mundo ao acordar pra lembrar que nem se sabe a hora que dormiu.
Ficar?
Eu te olhando, você dormindo. Esses são os lugares.
Vou digerindo este momento devagar enquanto corro. Respiração sua por respiração sua, ronco por ronco. O peito esmaga ao pensar na já lembrança. Em um minuto eu vou embora e até nunca mais ou até pouco, hoje nunca vou saber. Olho em volta. Estou levando comigo duas fotos daqui que mais me falam de você. Já vou embora... e esta porta não pode fazer nenhum barulho. Você não pode acordar.
Aqui, dentro deste elevador que cheira a aço corten, estou me reerguendo. De repente é fácil levantar o corpo.
Quando entrei por esse corredor caí de joelhos. Sucumbi na luz baixa. Coração na boca, o quente me acolhendo e na hora estava certo. Mas já é amanhã e eu não ficarei pra encontrar o depois.