sábado, 5 de março de 2011

Escrevi isso uma vez que acordei no meio da madrugada. Tem dias que eu gosto, dias que eu odeio.

Hoje acordei, não é um dia normal.
Levantei minhas costas, sentei na cama, pisei meus dois pés no chão branco gelado e me olhei no espelho grande que fica ao lado de onde durmo. Fechei os olhos. Abri de novo. Não era possível. A roupa da noite passada ainda vestida, maquiagem borrando e o cheiro de cigarro dentro de mim. Olhei o relógio. Já era tarde. Estava atrasada. Era domingo, não existem atrasos no domingo. Quis voltar a dormir, quis voltar no tempo. Desisti, provavelmente não dormiria mais.
Pus meus dois pés no chão gelado mais uma vez e levantei meu corpo pesado. A vida corre. Caminhei até o banheiro. Entrei. Saí. Subi as escadas. A cada degrau uma lembrança. Cheguei na cozinha e fiz um café. Sentada na mesa, apoiei minha cabeça nas mãos e acendi um cigarro. A cada trago a solidão se tornava mais forte. Não se pode evitar o choro, minhas lágrimas seguiram seu rumo sozinhas. A cada minuto lembrava mais e mais de você. De como não te esqueço quanto mais tento. De como seu cheiro ainda está no travesseiro. De como o jornal amassado que você largou semana passada ainda está no mesmo lugar. E depois bateu a porta, disse que nunca mais ia voltar, que eu não merecia nada disso, essa vida, que também já estava cansado. Bateu a porta e nunca mais voltou. Já perdi a conta das horas, faz 5 minutos que você saiu e acompanhei cada segundo no relógio na parede.
Todas as lembranças que não saem da minha cabeça.
Desci as escadas, o chão de madeira me lembra, pisando descalça, o barulho que seus sapatos não fazem mais. A toalha estendida o banheiro, imóvel. Não há mais toalha para tirar da cama. Sento no sofá, estou há meia hora olhando pra cama, vazia de você, vazia de mim.
E menos pão, menos queijo pra comprar. Menos tempo pra sair de casa, menos arroz pra cozinhar. Agora sobra tudo, menos vida pra viver.


19/01/09