segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

NOONTEM

Não. Não vou conseguir. Me levantei e encostei a porta. Talvez assim eu ache a mentira, você foi o uso da noite.
Talvez, talvez, talvez.
Ou talvez assim eu ache a verdade, estou apavorada e saindo correndo. Preciso me esconder pra não ser condenada pelo que me cometi. Correndo, correndo, eu e o medo.
Nunca a essa intimidade fora de hora do dia seguinte, antecipada do relacionamento que nunca vai existir. Eu babando, você roncando. Todo mundo ao acordar pra lembrar que nem se sabe a hora que dormiu.
Ficar?
Eu te olhando, você dormindo. Esses são os lugares.
Vou digerindo este momento devagar enquanto corro. Respiração sua por respiração sua, ronco por ronco. O peito esmaga ao pensar na já lembrança. Em um minuto eu vou embora e até nunca mais ou até pouco, hoje nunca vou saber. Olho em volta. Estou levando comigo duas fotos daqui que mais me falam de você. Já vou embora... e esta porta não pode fazer nenhum barulho. Você não pode acordar.
Aqui, dentro deste elevador que cheira a aço corten, estou me reerguendo. De repente é fácil levantar o corpo.
Quando entrei por esse corredor caí de joelhos. Sucumbi na luz baixa. Coração na boca, o quente me acolhendo e na hora estava certo. Mas já é amanhã e eu não ficarei pra encontrar o depois.

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